quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Dias monossilábicos

Os dias que antecedem a virada do ano são bem estranhos pra mim.

Fico na retaguarda.

Reflexiva.

Em estado de observação.

Apenas observo a ação.

Todos os dias do fim do ano são meio monossilábicos.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A festa da firma se firma pela fofoca!


Festa de confraternização de qualquer trabalho é pura emoção.

Cenas fortes, dramaturgia de qualidade, o mais fino da arte.

Todos querem ser vistos. Uns passam o ano inteiro se escondendo, outros querendo atenção.

Em uma festa de confraternização que se preze tem que haver alguns tipos básicos para que se comente durante todo o ano seguinte:

o colega tímido que, depois de beber umas, fala, lê, escreve e até dança;

o bêbado chato chorão, que acha que todos têm que se sensibilizar com pequenos problemas pessoais;

a moça 'recatada' que, também depois de tomar várias, acha que todos são parceiros sexuais interessantes;

o bêbado amigo de fé que acha que todo mundo é irmão camarada;

o penetra que já chega fazendo parte do amigo oculto;

o chefe que bebe e se acha popstar;

a namorada piriguete do ex-colaborador que já rodou mais que pneu de caminhão;

o estagiário que já chega cheirando a fumaça verde, come tudo na festa e ainda pede um doce;

o funcionário que passa mal de tanto beber energético e comer churrasco;

o técnico malhado e bombado que chega com a sua turminha de axezeiros querendo criar confusão;

o novato roqueirinho que não se mistura com os demais;

os colaboradores dos colaboradores;

o funcionário que nem foi na festa, mas mandou o presente do amigo oculto e do funcionário que nem foi e nem mandou presente.

A festa da firma é de todo mundo.

A festa da firma se firma pela fofoca.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Pensamento mundano de Antônio Obá!

Estava sentado à mesa, mas a memória remontava um percurso particular. Passeou o corredor vazio, a cama dada ao embaraço amanhecido do dia, a xícara morna e sem toque. No quintal, alcançou plantas que não vingam, nem morrem, mas como tudo que compõe à lembrança, padecem da mesma eternidade poente que há nas fotografias, nos livros, nas esperas. Por que esperar pode ser (não raro) a companhia de alguns dias, sabe-se, é uma das manias da saudade. Tão logo, desesperei as horas em rabiscos de um tempo sem data. Escrevi. Na língua, senti o gosto do café amadurecer. Fui ritmado por nuvens matutinas. Caí em tentações de ser anjo, pássaro, mosca. Prolonguei a vida num suspiro. Claridades opacas já não constrangiam as vistas. Apesar de nublado, os olhos bem sabiam:Não choveria.

Um instante para meditar (by Guiherme Araújo)

Ouço um som, aquele som que parece me hipnotizar, algo realmente inusitado, único, onde procuro as respostas para as minhas perguntas. Uma música na qual converso com ela, que me entende e me faz pensar. Tudo começa quando fecho meus olhos. Sinto uma vibração positiva entrar pelos meus ouvidos, e se espalhar pelo corpo todo, uma metamorfose surreal, que acontece em minha mente, ao chegar nos pontos principais do meu cérebro. Minha mente? Esquece de tudo e de todos, simplesmente para de funcionar. Dá idéia somente ao que me pertence, ao que ela tem para me passar. Nesse momento escuto meu subconsciente, meu psicólogo, que me faz tomar decisões, certas ou erradas, porém, me faz tomar decisões. Meu corpo permanece da mesma forma, sentado durante umas cinco horas numa cadeira.

Um momento de fantasia. Problemas? Não reconheço o que é isto. Simplesmente sinto-me levitar, e pergunto-lhe: Por que isso passa? Por que isso é momentâneo? Infelizmente não vou poder descrever. Seria um segredo da meditação? Uma felicidade momentânea? Respostas eu sei, mas dizê-las jamais. Vejo como algo privativo, uma caixa cujo qual dou e recebo informações, e que quando satisfeito percebo que posso voltar à realidade, começar mais um parágrafo da minha vida. A caixa? Á fecho, ansioso para reabri-la, em meu próximo momento de glória.

Local apropriado? De preferência na natureza, o seu ar puro, mistura-se na minha mente, com a música e outras substâncias, em que entra em uma perfeita Harmonia. Este momento é o auge em que, me sinto feliz, me sinto satisfeito por estar participando desse ciclo comunicativo. Pessoas que eu gosto? Longe ou perto terão minha atenção, mas logo depois que eu perceber novamente qual o verdadeiro sentido de telas. Quando percebo? Quando entro em conectividade com minha mente, com a musica, com essa substância surreal e com a natureza.

Surgem sentimentos e pensamento que nunca afloraram em minha mente, no meu corpo. Ás vezes sentimentos embaraçados difícil de reconhecê-los, uma mistura de alegria, paixão, harmonia e paz. Os sentimentos negativos já foram colocados na caixa e lacrados para que não possam misturar-se e contaminar a minha meditação. Pensamentos que gostaria de realizar, mas tudo ou nada depende de mim, pensamentos que sei que não são possíveis, mas são realizados em minha mente, tudo um amor platônico pela vida, pelos desejos que também depende de outros para serem realizados.

Parte disso acaba quando abro meus olhos. Quanto às perguntas respondidas? Levo-lhes como uma razão para os meus atos, e percebo o quanto é bom ter o seu momento de glória, de paz, ter um diálogo consigo mesmo. Realidade? É realmente o que vivemos, o que fazemos, o que escondemos, é essa interatividade que temos uns com os outros, gostando ou não. É o ato de querermos aprender a lhe dar com as pessoas, até mesmo com as pessoas que amamos ou odiamos, pois sentimentos são reprimidos diante delas, pelo fato de ter medo de ser rejeitado.

Mas, nada melhor do que o tempo, para lhe dizer o momento certo de seus atos, para lhe mostrar quem realmente é digno de possuir e reconhecer o verdadeiro sentimento que há em você, lógico que tudo isso, está presente algo lícito, que também nos ajuda a refletir, abre as portas da sua imaginação e nos faz pensar na vida, que nos faz viajar pela linha do tempo em ordem desordenada, do futuro, para o passado, que por fim vem o presente.

Assim, percebemos que pertencemos ao mundo do EU, ao mundo da FANTASIA, ao mundo da REALIDADE.

(pensamento mundano de Guilherme Araújo)

Heroi ou heroina? (by Marcelo Soares)

Jogo de um time brasileiro no Japão. O herói do nosso futebol emplaca mais um gol fenomenal corroborando ainda mais para a projeção de sua imagem como o não humano, o perfeito.

Sim, todos nós achamos que nossos heróis dificilmente erram, e quando erram, sobram desculpas para justificar tais malfeitos e conservar sua imagem como indestrutível.

Me vem logo à cabeça, essa carência por heróis, ídolos, entre outros, deve ter alguma relação com o cristianismo... não é possível! Penso assim porque não tenho muita afinidade com essa admiração exagerada ao ‘Deus do futebol, guitarra, da igreja, política, etc’. Ora, gosto dos errantes, dos que se parecem comigo! Admito a mim mesmo que idolatrar figuras perfeitas e sem erros é um passo grave para a hipocrisia. São perfeitas mesmo? Duvide! Estudo desde menino e até hoje o que temos de mais certo nessa vida é que tudo é tão controverso, discutível, então porque essa caretice?

Que não façamos do erro um troféu, mas que sejamos mais sinceros com nossos atos e que saibamos lidar com eles de maneira mais sutil, realista. Um brinde aos nossos erros!

(pensamento mundano de Marcelo Soares)

Gestalt fechada!

X: Na boa, não me liga mais não, falou?
Y: Seco assim?
X: É, adeus!

Fecharam a gestalt.
Cada um pro seu lado.
Desapareceram sem lágrimas e poucas lembranças.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

I want it now!!!

Naquele dia eles não queriam graça um com o outro.

Como o outro dia e outros tantos.

Na jukebox, comprada a prestação, o tão querido Floyd.

Trilha sonora de tantas noites, tantas loucuras, tantas risadas, tantos orgasmos.

Vários deles em vários lugares.

A música tinha gosto de lembrança, de molhado, de sentimento. Era sinestésico.

Gostavam do gosto de pele. De suor. Do cheiro do outro.

A jukebox avançou. Não era mais Floyd. Agora, Yes!

Yes!

Eles se olharam e perceberam o quão idiota era aquela falta de graça.

A falta de graça era engraçada.

Cinco anos engraçados um ao outro.

Parecia ontem. Até os lençóis de solteiro da casa dos pais pareciam os mesmos.

A conversa começou devagar:

- Vamos?

- Não, mas eu te amo.

- Agora?

- Ontem!

Se abraçaram por longos minutos. O suficiente para que as mãos dessem lugar ao desejo.

Aos corpos, cama.

À cama, lençóis bagunçados, fora do lugar, travesseiros no chão, roupas espalhadas (metade delas ainda nas silhuetas).

Foi longo.

Foi rápido.

Foi (in)tenso.

Foi mágico.

Foi uma mistura de tudo e do todo todos os dias.

Ambiguidade

Elas estavam bem cansadas.
O dia foi corrido.
Resolveram abrir um vinho para relaxar, isso funcionava.
Nunca viveram tão bem, tão seguras, tão confiantes.
Já já seria mais um ano juntas.
Já já estariam comemorando por antecipação.
Duas taças.
Três.
Quatro taças metade cheias, metade vazias.
O vinho agora era apenas um escrito na garrafa.

Uma chamou para a cama.
A outra, para o chuveiro.
Decidiram molhar a cama.
Ambiguidade.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O olor da noite (by Emmanuel Ramirez)

O olor da noite

(base do texto “noites perfumadas” de Emmanuel Ramirez)

Entre o vazio do tempo, esquálido e abarrotado, estava ali o velho sentado, inerte em sua poltrona verde musgo, onde se podiam ver as entranhas de algodão escuro que saiam por costuras rasgadas. Chovia bastante e diante da janela semiaberta, ele observava as gotas grosseiras que iam de encontro ao parapeito da sacada, explodindo uma a uma, em síncope sonoridade monótona. O dia findava-se em nuance cinza e fúcsia, e as nuvens carregadas ainda passeavam aos arredores, impassíveis, contudo derramando suas últimas lágrimas de outono. O vento rebelde que sibilava estranha melodia e parecia querer invadir cada aposento do recinto ao colidir em sua estrutura e a grama molhada com opaco orvalho ao ocaso traziam fortuitas memórias que já teimavam em desaparecer de seus sonhos, no entanto, em um lapso repentino, um tímido relâmpago iluminou o horizonte ao longe, seguido do brado desafiador do ríspido trovão, que vinha num crescendo anunciar sua presença absoluta. Tudo se apagou. As luzes se desvaneceram e o idoso senhor descompassadamente rememorou parte de sua vida, quando iniciara sua juventude. Sem respostas, ficou inerte, taciturno...

De maneira vaga pensava nos seus treze, quatorze anos, e ao som de gargalhadas eufóricas, descompromissadas, já não sabia ao certo sua própria cronologia. Rostos ainda sem face acompanhavam-no em procissão por bosques inóspitos, porém outrora explorados. A turma reunida no quintal de vovó aguardando o saboroso lanche vespertino, que farejavam a distância. O colégio, professores, as fugidinhas da classe, as meninas... ahhh as meninas era tantas e formosas. Suas primeiras descobertas esboçaram-se novamente, como experimentara naquelas épocas, mas agora com um sabor renovado de quem olha com orgulho um paraíso perdido no tempo. Por fim, surgiam algumas cenas ainda turvas e desmembradas, de pequenos seres amasiados, não denotando o ardor erótico em que seus muitos platonismos pré-adolescentes concretizaram-se, mas em um sutil esforço mental, o velho buscou em seu âmago a sensação do encantamento apaixonado vivido em tenra idade.

Apesar de quase tudo parecer exaurido de sua mente, aos poucos, imagens e sorrisos flutuavam ao seu redor naquele instante. Pensamentos esparsos como borboletas. Algo mágico estava acontecendo. Não se sabe o que, ou algum porquê, mas ela estava ali... sim, era ela...

Questionava-se em seus noventa e poucos mal vividos, que amar já não parecia fazer sentido há um tempo, ou simplesmente desaprendeu o que era. Desde sua viuvez no natal de sessenta e sete, para ele, o amor tornou-se uma espécie de enigma universal, do qual foge a razão e não se encontra solução táctil na humanidade. A grande verdade é que já estava nesse asilo há mais de uma década, e até então, nada havia acontecido, além de sonhos apagados e uma saudade do que não vivera, contudo, algo era diferente naquela noite...

Ela continuava ali. Insistia em bailar por todos os cantos do quarto. A lembrança do vestido curto e colorido não vinha tão presente como o suave perfume que agora habitava novamente cada uma de suas narinas e vibrissas. O sublime odor se materializava gradualmente e trazia consigo o contorno e os belos traços joviais da mocinha. Por um instante, tudo estava repleto dela. Sem entender esse lancinante resgate do passado, disparado em taquicardia, o velho respirou ofegante, tentando encontrar no ar um pouco mais daquela jovem que agora dominava seus extintos instintos, chamas tardias. Apalpar, capturar o invisível, a presença oculta que o visitava depois de longos e aguardados anos, era o que mais desejava. Sua visão deveras afetada pelo tempo, já compartilhava com o olfato um novo sentido. Percebia atônito a estonteante feição daquela que já lhe trouxera outros da mesma espécie.

Ao velho, que amargara seus longos anos de solidão, somente importava a certeza de que ela veio pra ficar desta vez, e já não existia saudade, tristeza ou qualquer enfermidade do corpo e da alma. Convicto de que amara uma vez de verdade, cria, e estava satisfeito. Redescobriu algo milagroso que permanecia guardado em seu corpo cansado e doente. O amor. E Isso bastava a ele por aquele momento e talvez por toda sua vida, que fora vazia. Em um único ato, solilóquio, inspirou o máximo de ar que cabia nos seus fracos pulmões, e encheu-se de uma vitalidade nunca sentida. Ele a tragou por completo. Todo seu donzel aroma... inocente, febril. E exalou sob o manto noturno seu último suspiro de amor, em êxtase.

O dia amanheceu em silêncio, descansado e em paz.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Tempo, tempo, tempo...

Dizem que o tempo cura tudo.

Mas e a falta dele cura o que?

Queria mais dias, mais horas, mais minutos, mais personagens, mais falas, mais escritas, mais exageros, mais letargias, mais, mais, mai, ma, m...

Ah, Caê...gosto da sua Oração ao Tempo...ela me diz muitas coisas que não tenho tempo prá pensar. Obrigada, seu lyndo!

“Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo, tempo, tempo, tempo
Quando o tempo for propício
Tempo, tempo, tempo, tempo...”